GUERRA E PAZ! © Ethel MUNIZ

 

I

Guerra,

A  separação erguida

Como uma fenda

Nos olhos !

Curral de gentes

De ambos os lados mansos-ferozes !

A síntese de várias vergonhas !

Tamanha ousadia humana !

Prisão perpetuada por nós ignóbeis

Transformados em deuses parasitas !

Paz,

Ferida menina operada

Rasgada ao meio !…

No centro do peito

Coração destroçado!

Mãe dividida!

Nos olhos os cortes das baionetas !

-Silêncio asmático !…

Paz…

Violada taradamente

Condenada – atormentada !…

Guerra…

Teu muro o nosso muro,

Teus arames assassinos

Nossos absurdos,

Teus rios e lagos

Nossas lágrimas jogadas,

Teus pés minados

Nossos calos feridos !

 

 

 

II

Paz…

Menina golpeada,

Tua dor permanece

Entravada nas veias e nervos

Das recordações

Do dia em que fostes

Traída !!!

As cabeças

Que violaram teus direitos

Que abortaram teu mêdo

Que trucidaram tua dignidade

Que infincaram baionetas no teu colo

Que permitiram teu retalho

E que venderam-te aos teus carniceiros

Teu corpo esquartejado…

São cabeças

Que servem somente

Para os pensamentos cancerosos

Como caras de verdugos…

Paz…

Grite, grite seu grito

Até que expulces do teu ventre

Estes parasitas-zumbis!…

 

 

III

Um corre pro seu lado

Corpo se espatifa no chão

Boca se enche de ar

Desgraçado se vê no espelho

Pátria uma religião

Cidadão uma mentira

General perdição

Partido a corda do enforcador

Estado um ser esfaqueador!

Coração dolorido

Paz em feridas

Suspiro!…

Suspiro no leito

Teu corpo silêncioso…

Como te amo!

Corpos

Bocas

Desgraçados

Pátrias

Cidadões

Partidos

Corações

Paz!

Como tu és quente e explosiva…

Mata-me entre tuas coxas

E afoga-me

Na unidade do teu gozo

De Mulher…

 


 

IV

O povo admite

A análise das armas

Entre a ânsia dos amores

Correspondentes aos dentes

Da poesia ou ficção escritas…

Imaginem imagens outrora

No patamar do poder

O presidente presidenciando

O coito da pátria

Com o poder desvairado…

O povo admite

O aprendizado

Eivado de defeitos

No bico das armas

Viradas pro próprio peito!…

O povo admite

Revolução da victória ?

-Sim!

Victória da revolução ?

-Não!

Apelo do povo…

Panfleto de soldados!

-Sublevar!!!

Provocar o desmoronamento

Das chamas massacrantes!

Reino do poder!

Eliminação física

Da repressão!

Exterminados

As doutrinas e rótulos

Ressureição do povo!!!

-Hi, hi, hi,… rio assim!

 

 

V

Virar as bandeiras.

Balbuciar a pátria

Destroçada

Pelos reis amargos!

Cruzar os braços

Lubrificar as armas

Com água salgada dos olhos!

Enferrujar

Os dedos dos HOMENS

Morrer

E não chorar depois!

Apagar

O povo de um apago

Ou quantos apagos necessários forem!

Um dia,

Mundo policiado

Civis já não há,

A victória derrotada do povo!

Prostitutas do apocalipse…

EU,

Continuarei sobre a cama

Bebendo o suco do teu ventre

Me lambuzando

De delicias eternas

Embriagando-me do teu cheiro

E reinando

Dos teus abraços e braços

De MULHER…

Amada minha.

Paz e guerra!

Te ofereço Tolstoï!

-Guerra e paz…

Um copo de vinho…

Fuzil-fucinho!!!

-Tolstoï!

 

© Ethel MUNIZ

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